Vivi um novembro atípico, fiz duas viagens e vi muita coisa. Fui no início do mês para São Paulo e, no fim, para a Flip, em Paraty.
Em São Paulo, entrei em uma maratona da arte e todos os dias fui em uma exposição ou mostra diferente. Mas minha motivação principal para essa viagem era mesmo visitar a 35º Bienal de São Paulo, Coreografias do impossível, com curadoria de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel.
Fui à Bienal interessada em ver as obras de algumas artistas que fazem parte da minha pesquisa de doutorado, em especial Aline Motta e Rosana Paulino. Ainda estou pensando no efeito do trabalho dessas artistas e como elas provocam caminhos para seguir com minha pesquisa. Mas aqui nesta newsletter queria compartilhar o trabalho de outras artistas que descobri na própria Bienal.
Quando estamos imerses numa pesquisa, às vezes tudo é tão profundo e obsessivo que quase perdemos o gosto de descobrir algo que talvez não tenha nada a ver com as nossas questões, mas que ainda sim desperta sensações, mexe com o nosso imaginário, faz a gente olhar pro mundo com curiosidade.
O que estou tentando dizer é que ser uma pesquisadora de literatura e arte às vezes quase me embota. E estar em São Paulo vendo tanta coisa diferente ao mesmo tempo me fez lembrar porque desde muito cedo me interesso por arte. É também pelo que acontece por acaso. Acho maravilhoso, de repente, me deparar com alguém que inventou uma linguagem que eu nunca poderia sozinha imaginar.
Acho que talvez seja um pouco por aí o sentido do nome Coreografias do Impossível. São artistes usando o corpo para criar algo que, antes de ser inventado, era da ordem de uma impossibilidade.
Resolvi compartilhar na newsletter três artistas (entre váries) que mexeram comigo. Assim, quem não teve a chance de ir à Bienal, talvez possa também viver alguma descoberta através dessa cartinha.
Citra Sasmita
Me apaixonei pelo trabalho dessa artista balinesa que pinta gigantes pergaminhos com figuras belíssimas e perturbadoras. Pesquisei um pouco sobre Sasmita e descobri que ela recria narrativas tradicionais de seu país escolhendo pintar mulheres como protagonistas dessas histórias. Dá para conhecer mais sobre ela aqui.
Inaicyra Falcão
Um canto todo vermelho te convidava a se sentar para ouvir. Foi um dos primeiros lugares da Bienal que me seduziu e me levou mesmo para um outro mundo. O canto de Inaicyra Falcão é hipnotizante. O álbum e o livro produzidos para a Bienal, Tokumbó: sons entre mares estão disponíveis aqui.
Tadáskia
Ave preta mística é um livro-instalação, suas páginas são dispostas com textos em português e em inglês ao longo de uma sala toda pintada por materiais que lembram giz de cera. As palavras e imagens dessa artista brasileira chegaram como um abraço e, ao mesmo tempo me deixaram curiosa. Fiquei com muita vontade de pesquisar mais sobre o trabalho da Tadáskia. Dá pra conhecer mais sobre Ave preta mística aqui.
Espero voltar ainda em dezembro com uma cartinha com minhas impressões sobre a Flip. E também quero escrever de novo sobre dezembro (o mês em que esta newsletter completa 01 ano de existência!)
Oficina criativa: Escrever a memória
Em janeiro, realizo a 2º edição da Oficina criativa: Escrever a memória!
Essa oficina nasce a partir da pesquisa que venho realizando no doutorado em Literatura, Cultura e Contemporaneidade na Puc-Rio. Escrever a memória é uma oficina criativa que investiga formas de olhar o passado a partir de lembranças íntimas e testemunhos políticos.
Assim, as leituras e os exercícios de escrita da oficina abordam elementos como fotografias e arquivos; receitas e transmissão oral de histórias; a leitura e a escrita como produção de registros e, por fim, os testemunhos que nascem a partir do nosso próprio tempo histórico.
Quem se inscreve recebe um dossiê de leituras e também sugestões de exercícios criativos para escrever a memória.
Os encontros serão nas quartas das 19 às 21 horas, nos dias 17 de janeiro a 07 de fevereiro. E você encontra todas as informações no Formulário de inscrição.
Vamos começar 2024 escrevendo?
Ahhh essa bienal... já tô na abstinência e adorei ver seus destaques!
Os trabalhos da Citra Sasmita e da Tadáskía mexeu muito comigo também. Demais, Taís <3